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Sensação de assistir um Sísifo paulista. Uma pulsão de morte em direção a todos os lados, uma sociedade sem rumo, sem ideias concretas, que repete discursos que (não) são (ou são?) direcionados a lugar nenhum: "democracia contra a esquerda, contra a direita". Uma sociedade alienada representada (também) por músicas estrangeiras no rádio, "a democracia por Deus".

O que mais me interessa aqui, é a construção de uma identidade quase própria da cidade, a demonstração de um interesse genuíno em retratar a cidade-época em que se a; o Rio ganha uma vida própria e a a ser não apenas um simples palco, mas uma entidade maior que rege todos os acontecimentos; a cidade se torna um personagem, e os personagens do filme, são as suas características. Isso só acontece, ao demonstrar (quase) todas as facetas da sociedade carioca - até mesmo a sociedade brasileira - dos anos 60 (que ainda reflete fortemente o atual Rio de Janeiro - e o Brasil) sem quaisquer intenção de aprofundar as contradições de cada uma, porque ao expor as faces de mais de uma camada da sociedade, as contradições já estão postas.

Uma das principais coisas que diferem um Nelson Pereira dos Santos, de um Fernando Meirelles ou José Padilha, é o seu olhar perante os personagens; em específico a obra de Meirelles: Não existe nenhuma humanidade dentro da favela, as crianças, ainda que marginalizadas, também não são dignas de humanidade, já para o Nelson, temos isso aqui.

Watched on Saturday May 10, 2025.

Watched on Sunday April 6, 2025.

Watched on Wednesday March 12, 2025.

(...)

A princípio, gostaria de deixar claro que o meu problema com o filme não é nenhuma questão de ótica social, ainda que não ache totalmente inválido essa crítica. Mesmo que seja impossível não reparar que o ambiente do filme circula em torno de uma família branca de classe média, em uma parte da sociedade com majetoriamente brancos, sobre as dificuldades de uma família branca, de longe esse foi o meu menor problema com o filme, não me atinge tanto que o filme não tenha focado nos guerrilheiros, negros, pobres, indígenas, no quão as torturas eram piores, até porque o filme nunca se propôs a isso, e se tivermos que falar de tudo, raramente conseguiremos falar de algo.

Porém, o filme se propôs sim a algo além da família do Rubens Paiva, a falar sobre a ditadura, mas ele se delimita a falar apenas sobre as ações da ditadura, e não sobre a ditadura. Come and See, Jojo Rabbit, Nope e mais outras dezenas e centenas de filmes adotados pela galera da esquerda liberal, não possuem nenhuma reflexão política sobre seus acontecimentos que em teoria estão ali para serem criticados, me parece muito mais um show de horrores que busca refletir "a maldade humana", que busca criticar um momento como um fruto de uma mente insana e má, descolado de um todo, mas que não busca demonstrar as razões políticas, econômicas e sobretudo, ideológicas atrás dessas ações, porque (especificamente o Walter Salles) seria como andar em uma corda bamba, afinal, seria uma crítica que revela que o que ele está criticando, só existe para defender os direitos e privilégios do mesmo, da família do mesmo.

Assisti esse já faz um tempo, mas como sempre, esqueci de logar. Não tenho muito o que dizer sobre o filme, só fico muito feliz que conheci o cineclube do cinema Glauber Rocha, desde que conheci, vi filmes maravilhosos lá como Nosferatu do Murnau e Paixão de Joan D'arc do Dreyer... E agora, vi de longe um dos melhores filmes que já vi na minha vida, fico muito feliz desse ter sido meu primeiro filme do Lynch, que filme maravilhoso. Por alguns momentos esqueci que estava em uma sala de cinema.

Assisti novamente no cinema e foi uma baita experiência, gostei mais do que quando vi pela primeira vez. Acabei esquecendo de logar e escrever algo sobre.

Watched on Sunday January 5, 2025.

Watched on Thursday January 2, 2025.

Qual utilidade possuem as palavras, quando os olhos dizem tudo? É um filme com tanto sentimento, tanta paixão, tanto desejo, como se uma mão tocasse um corpo nu por inteiro com a intenção mais intensa de todas mas ao mesmo tempo tão pura, tão certa.

Watched on Sunday December 15, 2024.

Watched on Tuesday October 22, 2024.

Watched on Tuesday October 22, 2024.

Watched on Monday October 21, 2024.

Watched on Monday October 21, 2024.

Watched on Sunday October 20, 2024.

Watched on Thursday October 17, 2024.

O Fight Club da Coreia do Sul.

Um ótimo trabalho duplo. Enquanto um não sabe dirigir seus atores, não sabendo filmar planos originais; ao invés disso só sabe imitar o que já está posto em busca de alguma nostalgia (e que se for para fazer uma homenagem, que seja uma que exista algum sentido narrativo para existência, que vá contribuir para a ideia do filme ao invés de servir como automasturbação do diretor, por acreditar ser revolucionário ao fazer isso, ou de quem assiste e fica feliz por ter percebido uma referência que já estava óbvia e comentada desde o trailer); por outro lado, uma atuação que não consegue transmitir nada além de raiva, e falo isso sem saber se a Lady Gaga estava realmente muito mal dentro do filme, ou se o Todd Phillips que conseguiu deixar a personagem ainda pior. De certa forma, para mim o Joaquim Phoenix também não está bem no filme, mas por eu já ter visto ele atuando outras vezes (como em Two Lovers do James Gray), consigo perceber falhas relacionadas mais a direção do Phillips. Um filme que se propõe em alguns momentos, a ser ousado, mas que suas execuções linguísticas servem muito mais como um cinema castrado, sem vida, sem amor. Essas "piadinhas" metalinguísticas da personagem da Lady Gaga são realmente ináveis.

Provavelmente o que eu mais gosto nesse filme é a juventude que o Godard consegue exalar de seus personagens, e não somente deles, mas a forma como ele decupa, a forma como os eventos se sucedem através dos outros; conseguem ser muito mais modernos e jovens do que muitas obras que tentam ser atuais mas que estão presas a um espírito industrial velho, essas obras jamais serão tão jovens quanto Jean-Luc Godard.

Bom local; boa sala, boas lembranças, e um bom eio; sobre o filme, um lixo. Não que eu esperasse algo do diretor que fez esta porcaria.

A verdade é que o Bobby Farrely, não a de um piadista, do pior tipo possível, e nem sei se posso chamar ele dessa forma, já que ele não consegue fazer uma piada decente, só repete as mesmas piadas visuais que já estão postas na indústria, desde qualquer comédia americana dos anos 2000 até a infantil e inconsequente Sofia Coppola. Além disso, mais de 10 anos na indústria de cinema, e não sabe decupar um plano minimamente bem, que consiga transmitir qualquer coisa, parece muito mais que as gravações nem foram pensadas em como gravar, apenas apertaram o play e dane-se o resultado.

Primeiramente, queria agradecer ao ser de luz que conseguiu fazer com que esse filme fosse projetado no cinema daqui, foi uma experiência inesquecível; nunca ou pela minha cabeça que eu teria o privilégio de testemunhar com os meus olhos um filme mudo em uma tela gigantesca, ainda mais um do Carl Theodor Dreyer. A coisa que queria falar, não é necessariamente sobre o filme, mas sim, sobre cinema como um todo. Se você quer conhecer cinema, mas não só ver filmes, mas entender a linguagem cinematográfica mesmo; assista antes de tudo, os filmes do primeiro cinema (Auguste e Louis Lumière, George Albert Smith, George Méliès, Edwin S. Porter), e logo depois veja como D.W. Griffith consegue pegar tudo que já vinha sendo feito por eles, e exprimir tudo do melhor de cada um, e transformar em algo que está absurdamente a frente de seu tempo, e assim, veja como o o Carl Dreyer utiliza o melhor de Griffith, enquanto nega tudo que já vinha sido feito, não só por ele, mas pelo cinema. A forma como o Dreyer consegue nos aproximar de Jeanne, através dos primeiros planos, e logo depois, quebrando regras de continuidade, a regra dos 180°, faz com que fiquemos perdidos tanto quanto a personagem, uma sensação de desespero mesmo, a utilização de lentes com uma luz em alto contraste, que nos desloca do local, deixando em primeiro plano como importância, apenas os personagens.

Obrigado por terem me acompanhado nessa experiência, Bala e João!

Watched on Sunday August 25, 2024.

Watched on Sunday August 18, 2024.

Watched on Sunday August 18, 2024.

Watched on Sunday August 11, 2024.

Watched on Saturday August 10, 2024.

Momentos depois que terminei de assistir o meu primeiro filme do Peter Weir, tive uma conversa com o José e o Artur; onde o Artur falou que o problema do coming of age (ele não especificou mas acredito que tal estava se referindo ao coa norte-americano) é que eles às vezes não são sobre crescimento e sim fetiche americano. Contiguamente, acredito que o problema dos coa americano é que eles não são sobre o crescimento ou amadurecimento pessoal, mas eles são sim sobre crescimento; o crescimento do sonho americano, da cultura inexistente dos Estados Unidos, o crescimento de um mundo de consumidores e conformistas que acreditam dos pés a cabeças que não são o que são. Coming of Age, Coa, Coa-ch.

E não me entendam mal, não tenho nada contra coming of age ou qualquer obra que tente de alguma forma transmitir uma mensagem de amadurecimento otimista ou de inspiração, afinal, acho Stand by Me do Rob Reiner um filme maravilhoso (um filme que vai retratar a infância e o amadurecimento infantil de uma forma que o cinema norte-americano tentou fazer várias e várias vezes e sempre falhou com excelência); e acredito que nem preciso falar sobre o episódio 26 de Neon Genesis Evangelion (Hideaki Anno) e o processo de auto-aceitação de Shinji Ikari. Mas esses filmes que não fazem o que Reiner ou Anno fizeram, filmes que tentam ser profundos e poéticos mesmo não sendo nada além de uma filosofia meia boca, filmes que parecem não se importar com a câmera; para ser mais exato, diretores de mercado que não se importam com a forma que está na câmera mas sim sobre o que está na câmera, isto é, no roteiro.

Em particular de Dead Poets Society; basicamente um coming of age, só que sem a parte do "coming", muitos personagens só vão ter um momento de êxtase e depois vão ser esquecidos (não que antes desse momento de êxtase eles já não tivessem sido esquecidos e apenas usados de marionetes para levantar a filosofia do filme). Muitos personagens declaram seu amor pelas coisas (teatro, poesia, arte...), mas parece apenas um ponto chave do roteiro que levam a um outro ponto x. Porém queria levantar uma ideia ao invés de falar sobre cada personagem; quero falar sobre a filosofia do John Keating (Robin Willians), tanto como sua mais icônica fala "carpe diem" e a forma como ele enxerga a arte.

Por um lado que essa filosofia do Keating pareça algo totalmente revolucionário, fora dos padrões, sendo em teoria contra o academicismo e as correntes da arte, na verdade é o mais puro suco de ideias mercadológicas e como o mercado quer que você pense, o conhecimento é ignorado se você for apaixonado, um processo de alienação; é uma mentalidade muito presente nos fãs da Marvel, nessa corrente anti-intelectual e anti-crítica que vê o crítico como uma pessoa chata sem ter lido nenhum crítico, nesse movimento dentro das faculdades de cinema que pessoas se acham super radicais por ter Sherk 2 como seu filme favorito enquanto nega Godard e tudo que não tenha sido feito pelos Estados Unidos nos últimos 30 anos com todas suas forças. Por outro lado, concordo que a arte não é algo a ser medido por uma régua; mas a filosofia de apenas sentir e não buscar o porquê, a banalização do estudo da arte, a banalização da importância de grandes autores, banalização de momentos históricos, o abandono do pensamento crítico à estrutura do que leva obras serem boas, é apenas um papo (filosofia de quinta categoria) anti-intelectual.

"Carpe Diem" do latim ao português: aproveite seu dia (não necessariamente aproveitar um dia específico mas não preciso falar sobre isso aqui). Mais uma filosofia introduzida no personagem do Keating que parece ser maravilhosa ao ouvido nu, mas é a coisa mais genérica e inconsequente possível. Acaba que o Keating não criou poetas, ou pessoas anti-sistemicas, criou adolescentes inconsequentes, adolescentes que não se importam com suas ações, inconsequente no sentido mais forte da palavra; agir, depois pensar, às vezes nem pensar. Tenha um toque mais íntimo com uma garota desacordada, afinal, você tem que aproveitar o seu dia - o pior é que essa cena é de longe a cena que o Peter Weir parece ter feito algo pensando na forma que está na câmera, mas é a cena mais bizarra do filme -, querer garotas no seu colégio apenas para serem vistas como objetos de desejo e me rebelar quando não for atendido, mas está tudo bem, você só está aproveitando seu dia, vivendo loucamente.

Acho que tudo que percorre após e durante o suicídio é grotesco. Desde aquele slow motion que foi de longe uma das piores cenas que vi no ano, ando pela forma que o Peter Weir tenta de alguma forma manipular um sentimento de empatia através de inúmeros gatilhos, e finalizando com a forma que é tratado o suicídio, como se o peso do motivo da ação feita pelo personagem fosse perdido, é como se fosse apenas uma muleta para o resto do filme. O suicídio do personagem é construído de forma conveniente, um conjunto de a + b que veio gerar c, mas um personagem que o filme inteiro não demonstrou essa preocupação, mas o Peter Weir meio que só vai criando motivos para justificar o suicídio para engrandecer o ato final. A real é que esse suicídio parece muito mais manipulativo, uma cena pra te fazer chorar (que particularmente não funcionou comigo), do que um ato feito com um olhar crítico sobre a relação pais e filho.

This review may contain spoilers.

Acho interessante a forma como o Charlie Chaplin vai construindo um filme em que os 20 segundos finais reverte totalmente a perspectiva sobre a construção anterior. O Chaplin faz aqui o que já sabia fazer e o que irá repetir em vários de seus filmes sucessores: interesse romântico e gags. Porém, tudo isso é no mundo do sonho, uma projeção ilusória de heroísmo em uma guerra. Os últimos 20 segundos demonstram que o heroísmo na guerra está apenas no sonho.

"No Japão hoje, vários meios de expressão, incluindo o audiovisual, servem apenas as necessidades de entretenimento de desocupados, ou apenas fornecendo um tipo de cura momentânea aos que temem a dor. Portanto, a qualidade artística não precisa ser a melhor, basta destacar dramas reais, amplificados em crueldade ou uma falsa beleza em ficções lindamente adaptadas. É verdade que eu sou incapaz de lidar com relacionamentos reais; sonho acordado dia após dia, fugindo para um mundo fictício. Até esse filme, quando estiver pronto será apenas mais uma ferramenta que provocará uma porção de estímulos, uma quantidade de tempo adas em paz. Não é esse tipo que coisa que todos preferem assistir? Até então, eu havia desistido dela como um elemento visual; eu não queria filmar mais nada, contanto que ela estivesse comigo, eu não precisava filmar nada..."

Antes de tudo, a Sofia Coppola precisa crescer.

O principal erro nem foi da Coppola, foi meu mesmo, que depois de assistir dois filmes excelentes do James Gray, que grava a cidade de uma maneira espetacular, fui inventar de ver um da Coppola, uma diretora que grava de forma totalmente vazia, sem nenhum interesse narrativo, e que se houver, não funciona. A construção de diálogos desse filme é totalmente imbecil, isso pra não dizer colonialista, imperialista, que é facilmente feita por um adolescente que acha legal fazer piada xenofobica e racista; essas tentativas da Coppola de trazer humor, com planos que alternam entre uma pessoa japonesa falando e a reação de desprezo, deboche daquele personagem escroto que nem me dei o trabalho de gravar o nome; essa tentativa de trazer um conforto; vislumbre, uma melancolia nas paisagens japonesas, mesmo odiando as pessoas, a língua, a cultura das pessoas que moram ali, me lembram bastante O Iluminado do Stanley Kubrick, mas enquanto um faz a crítica, o outro é a crítica.

Watched on Saturday July 6, 2024.

Assisti o filme do James Gray algumas semanas antes de eu ler o livro do Fiodor Dostoiévski (só vim saber que o filme de Gray era uma adaptação de Noites Brancas quando já estava quase terminando o livro). Algo que esteve na minha mente desde que terminei esse livro, é que; da mesma forma que o Dostoiévski parece fazer amor com as palavras, criando um universo particular entre o "Sonhador" e Nástienka em apenas uma noite, algo delicado, genuíno; James Gray faz exatamente a mesma coisa com a câmera na cena do quarto com o Leonard Kraditor e Sandra Cohen, onde eles só jogam conversa fora, riem, é o mesmo sentimento de delicadeza e paixão genuína. Já tinha assistido Ad Astra do Gray anteriormente, já tinha percebido que ele era um bom cineasta, só não imaginava o quanto.

Watched on Friday July 5, 2024.

A primeira vez que vi Come and See; a obra de Elem Klimov tinha se tornado um dos meus filmes favoritos, mas acredito que tudo isso foi muito por más interpretações de textos que li na época, em mais específico, uma frase do Kenji Mizoguchi que vi no Instagram a um tempo, até procurei em outro local mas infelizmente não achei quando e onde tal falou, isso: "O crítico deve analisar e considerar o filme que comenta como é, não como o teria criado, se pudesse e conhecesse, porque neste último caso se referiria não ao filme que está analisando, mas ao outra obra que não existe exceto em sua imaginação".

Acredito que meu desgosto com o filme nessa revisão é o fato dele ser muito despolitizado, algo que já tinha percebido na primeira vez, mas não tinha tido tanto peso pelos motivos citados no parágrafo anterior. São mais de duas horas da mesma coisa, o Elem Klimov não tenta acrescentar qualquer ideia que não seja "a guerra é ruim porque pessoas morrem e sofrem". Me relembra muito Zona de Interesse do Jonathan Glazer - apesar de eu ter gostado quando vi (acredito que muito por falta de conhecimento sobre cinema e representação do holocausto que pra ser sincero ainda não possuo tanto conhecimento, mas com toda certeza é mais do que tinha há alguns meses, e por eu ter visto o filme no cinema depois de muito tempo sem ir ao cinema); enquanto o Glazer fica nessa de banalidade do mal, deixando brechas pra normalidade, mas além da normalidade, vai começando a encaminhar seu filme cada vez mais pra um caminho menos político, e se tornando até mesmo o que o próprio filme queria "criticar", o Klimov vai pra um caminho de uma guerra crua, uma réplica de momentos cruéis, e não propõe nenhuma ideia além da que apresentou antes da metade do seu filme (ali pelos 46:27 - 51:42 já tinha ficado mais do que entendível o que seria o resto do filme), até acredito que Zona de Interesse do Glazer consegue ser até menos pior, muito mais pela cena final, que consigo ver alguma tentativa do Glazer de acrescentar uma nova ideia, que traz a tona um debate pra dentro (como representar holocausto e imagens cruéis) e fora (ideologia de uma sociedade fascista/nazista, todo esse lance de "banalidade do mal" mesmo que o termo tenha sido usado errado várias vezes, e nem culpo as pessoas até porque o próprio Glazer se perde nisso durante o filme) do cinema, mas enquanto isso, Come and See é apenas pra você ir e ver a desgraça, a barbárie, você não reflete, não consegue construir um debate político, você sai do filme da mesma forma que entrou, talvez mais triste, deprimido, chocado, mas a compreensão intelectual sobre a guerra, e respectivamente sobre o mundo, continua a mesma. Lamentável eu já ter gostado desse aqui.

Qual a diferença da complexidade de Come and See e Jojo Rabbit mesmo?

Me parece que o filme é uma eterna ideia, acrescenta muita coisa mas não desenvolve nenhuma - como a ilha dos pais estando menor que o normal. Tem cenas interessantes aqui e ali como a cena da ansiedade; mas que são muito deslocadas de um todo. Sobretudo foi uma boa experiência por estar no cinema com amigos.

Watched on Sunday June 30, 2024.

https://imgbox.com/reWABwgZ

Caralho. Chegou em um momento que eu dei um pulo e comecei a ver o filme em pé. John Ford é foda mesmo.

Watched on Wednesday June 26, 2024.

1. Assistam Rua da Vergonha do Kenji Mizoguchi, e vocês verão que tudo que esse filme tenta fazer, Mizoguchi fez no contexto japonês com excelência há muitas décadas.

2. Um filme extremamente frágil. Essa tentativa de demonstrar as contradições do sonho americano, "a Disney dos marginalizados", acaba caindo involuntariamente para um papinho neoliberal.

3. Tentei gostar do filme, tentei mesmo, mas até quando fui ver vídeos de pessoas que gostavam do filme, em busca de uma percepção diferente da minha, que fizesse eu gostar de pelo menos alguma coisa presente aqui, me deparei com vídeos que só sabiam falar as mesmas palavras como se fossem uma máquina sistematizada: "sonho americano" e "aquela mãe era irresponsável e a filha teve que se afastar para não cair no mesmo caminho". Como se a filha ainda não estivesse inserida no contexto do sonho americano, como se aquela filha realmente tivesse a chance de ir para um lugar melhor, como se o problema fosse a mãe. Afinal, Sean não tenta criar quaisquer perspectiva política ou perspectiva reflexiva sobre as ações/condição da mãe.

4. E nem que a mãe não tenha sido inconsequente em suas ações, mas é isso que o Sean Baker tem a nos oferecer? O sonho americano é um fracasso porque a mãe é inconsequente com sua filha?

Aquela cena - onde a dor real é vista como uma dor falsa, enquanto ela é a mais verossímil de todas, e ao mesmo tempo, todos rindo, e o rosto daquele homem - é realmente devastadora.

A maior mágica da saga Harry Potter nem são os filmes em si, mas sim o fato de que quem dirigiu isto, também dirigiu isso.

Gosto dos primeiros minutos. David Yates constrói uma certa atmosfera de desesperança e isolamento; depois parece começar a tentar emular um pouco de Harry Potter e a Câmara Secreta mas não consegue transicionar entre a morte e o renascimento da magia tão bem quanto Colombus.

Dito isso, após essa revisão, ficou assim:

1) Harry Potter e a Câmara Secreta ***
2) Harry Potter e o Prisoneiro de Azkaban ***
3) Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 **½
4) Harry Potter e a Pedra Filosofal **
5) Harry Potter e o Cálice de Fogo *½
6) Harry Potter e o Enigma do Príncipe *
7) Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 ½
8) Harry Potter e a Ordem da Fênix (zero)

Talvez; talvez o único filme do David Yates depois de mais de uma década - fazendo filmes anticlímaticos, sem sentimento - que tenha algum sentimento, talvez; o único filme do David Yates que ele não torna as coisas sem magias até quando deveria ter, talvez; o único filme onde o David Yates realmente constrói uma cena de morte realmente bem feita, talvez; o único filme do David Yates que seja bom de assistir.

Acredito que a maior façanha do David Yates aqui foi sua decupagem. Enquanto os dois primeiros filmes de Harry Potter dirigidos pelo Chris Colombus possuem uma decupagem que tenta revelar a existência de um mundo mágico, a decupagem do Yates em boa parte do filme não revela nada; nada além dos sentimentos e o mundo. Um filme que se põe para além de desenvolver sua história em direção ao espetáculo final, um filme que tenta compreender a dor e a evolução dos seus personagens. Planos que focam no rosto de seus personagens, relações meio melodramáticas sobre insegurança e decepção, Yates tenta nos levar a todo momento a uma relação de desesperança e solidão com o seu filme, uma construção que nos faz esquecer que toda essa história provém de dois filmes onde a magia era existente, os personagens eram simples, onde mesmo que a magia morresse, ela renascia.

Um mundo vazio, uma história vazia, mas que é preenchida de sentimentos. Ao decorrer do filme vemos aquela quebra de um laço forte entre os três personagens principais que foram jogados a um mundo de desesperança, desamparados, brigam, se separam. Disso tudo surge a cena minha favorita da saga e uma das minhas favoritas da década. Harry e Hermione começam a escutar uma música, Harry a convida para dançar. Para mim é uma cena muito bem decupada e montada, particularmente, chorei muito e me arrepiei assistindo. Dois jovens que durante a música buscam aquele mundo mágico, mas que após a música acabar, são jogados pra aquele mesmo mundo de desesperança. Do mesmo vale para cenas finais, onde existem construções da morte da magia. A cena do Dobby morrendo é o apogeu disso.

Não costumo criar expectativas para filmes que vou ver, mas acho que sempre acontece quando vou rever um filme que gosto, e esse filme foi a minha maior, ou a segunda maior decepção na saga. Até compreendo e gosto dessa perda da cor conforme a saga vai evoluindo; mas o David Yates extrapola demais isso, e me parece que nem é por uso narrativo, dado que ele repete isso em outros filmes; cenas que sequer você consegue enxergar o que tá acontecendo. Sobretudo o filme que oferece o rompimento da magia no mundo de Harry Potter, uma alavanca necessária que leva Yates ao seu maior triunfo.

Sempre ava pela minha cabeça; como o David Yates, um "bom diretor"; que dirigiu os quatro últimos filmes de Harry Potter; dirigiu filmes tão ruins como Animais Fantásticos. Mas lembrava de algumas cenas de Harry Potter 7 e acreditava que sua mediocridade - sua falta de magia, falta de dramatização, falta de um filme visível - em outros filmes eram pontos fora da curva, mas revendo Hp, agora, percebo, que o ponto fora da curva na carreira do Yates é ele ter feito algo bom.

Sobre o filme; é um filme onde o Yates não dá tempo ao tempo, uma estrutura totalmente desorganizada que tenta acelerar suas histórias através de uma edição com panfletos de jornais relatando o que aconteceu; o que nos leva a uma concepção de sentimentos superficiais; Yates até tenta extrair algum sentimento do Harry através da montagem, mas não traz impacto narrativo algum; pela falta de tempo ao tempo.

Até acho interessante toda essa contrução coming of age no filme mas os únicos momentos que conseguiram me capturar foram aqueles que o Voldemort está presente, que impulsionam bastante todo o resto e sua construção de necessidade de maturidade.

Uma agem bem rápida do Alfonso Cuarón na saga mas que se fez importantíssima. Gosto bastante como o Cuarón consegue construir todo um ambiente climático e temático totalmente diferente - lugares frios, perigo verossímil pela figura do Sirius Black. De forma similar, a presença dos dementadores entra em conformidade com essa questão de um filme coming of age que vai perdendo sua cor, já que os dementadores são seres que sugam a vida, e os personagens estão em um processo de amadurecimento e da desconstrução da magia.

Harry Potter, tem como seus principais focos narrativos, um universo que revela a (des)construção da magia, e o filme, ou um dos filmes, que melhor representa isso, é este. Acredito que esse seja o filme que mais se assemelhe com Relíquias da Morte: Parte 2, muito pela existência, dessa oscilação entre a perda da magia e a ressurreição dela. O universo já começa a dar evidências de que sua magia está sendo perdida, mas como ainda os protagonistas são crianças, ela sempre retorna.

Após Harry Potter tentar ir ao beco diagonal, ele vai para um lugar totalmente diferente, perigoso. O que salva ele é justamente a primeira representação de escapamento da sua realidade, o Hagrid. E o filme vive desses acontecimentos pessimistas mas que surgem com um otimismo logo depois. É como se a magia do filme fosse representada pela fênix do Dumbledore, "a magia está morrendo, mas ela vai ressurgir das cinzas".

Sobre o Deus ex machina do filme, eu particularmente gosto, não acredito que tenha sido deslocado do resto do filme, já que o filme é justamente sobre como a magia age quando as coisas estão desesperançosas, a magia sempre dá um jeito de voltar - como a saída e retorno de Hogwarts do Dumbledore e Hagrid, e o retorno de Hermione da petrificação.

Playlist no YouTube com os filmes citados: https://youtube.com/playlist?list=PLjrx1nISeD97cEOPL98SDCTb8SEzRdfTx&feature=shared

Todos os filmes podem ser achados dublados ou legendados em português. Lista em constante atualização, sempre que eu tiver tempo verifico se todos os filmes que estão na lista ainda estão no YouTube. Os filmes da playlist estão na mesma ordem da lista presente.

A lista foi feita com a intenção de divulgar alguns filmes e facilitar o encontro de alguns desses filmes para quem quer assistir no YouTube pela tv ou por qualquer outro meio.

- Observações -

1. Apartir do 317. Couro de Gato (1962) se inicia os curta-metragens, antes disso, apenas longas. Um pouco depois, a partir do 340. Children Who Chase Lost Voices (2011) possui algumas animações.

2. Anteriormente os filmes que tinham legenda automática em português estavam separados na lista, agora estão juntos com os outros, então se não houver legenda normal, é só ir na automática que funciona da mesma forma.

3. Alguns filmes estão com o nome do idioma da legenda errado (ex: aparece em sueco mas está em português; infelizmente não lembro qual filme ocorreu isso).

Última Atualização: 04/01/2025 às 20:40

1. Mirror
2. The Lady from Shanghai
3. The Red Light Bandit
4. Esther and the King
5. Opening Night
6. The Revolt of Mamie Stover
7. A Woman Under the Influence
8. Stalker
9. Close-Up
10. Black Narcissus

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