Dune: Part Two

2024

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A continuação que engrandece a saga de Villeneuve.

"Duna: Parte Dois" chega aos cinemas continuando a saga de Paul Atreides. Após perder seu pai e sua casa, agora sobrevivendo no deserto de Arrakis, ele precisa lidar com sua vingança, com novos rivais que estão presentes e, principalmente, com a profecia de Nisan Al Gaib, o Messias, alguém que vai salvar aquele povo... E que pode ser mesmo o Paul.

É louvável como a segunda parte pega tudo de melhor da primeira e engrandece. Agora, toda a calmaria e introdução já não precisam ser feitas, os povos já são conhecidos, a vingança já ferve no coração de quem assiste e, com isso, só resta a guerra, tendo muito mais ação que seu antecessor. O foco da Parte Dois é exclusivamente no desenvolvimento de Paul, bem como sua influência em Arrakis e a revolta do povo contra a opressão Harkonnen, evidente depois da queda da casa Atreides. Com os nervos à flor da pele, só resta a violência em momentos de tirar o fôlego, quando tudo engrandece.

Referente a Paul Atreides, seu desenvolvimento em se tornar um fremen, como o próprio messias daquele povo, vem de forma lenta e gradual. Quando o longa começa pouco tempo depois de que seu antecessor termina, com Paul ainda um desconhecido, tendo a curiosidade de uns e o repúdio de outros, seu caminho é trilhado por sua própria força de vontade, ganhando seu respeito, mas com isso algo a mais, tendo Nisan Al Gaib a profecia o cercando, forçando Paul a descobrir quem ele é, quem quer ser e principalmente quem deve ser para aquele povo, o seu povo, quando mais precisam dele.

A tensão é evidente a partir do momento em que os Harkonnen chegam à conclusão de que não há mais um Atreides vivo. Nisso, a dominação de Arrakis retorna mais intensamente, com ataques mais violentos. O que se espera são momentos de tirar o fôlego, nos quais a tensão permeia o ar em cada ataque, mostrando que agora não só o deserto é um grande perigo, mas os Harkonnen também. Quando a ação se intensifica, o espectador se vê imerso naquele momento, mal conseguindo respirar em meio a ataques e explosões sem fim, algo que é completamente desconcertante ao pensar na força armamentista dos Harkonnen, mas eles não conhecem o deserto e é exatamente por isso que existe uma vantagem.

Novamente, Villeneuve reintegra sua alta capacidade de direção, sabendo contemplar Arrakis, toda sua beleza mística, sem, dessa vez, se segurar na ação que aquele lugar proporciona, criando combates memoráveis, na mesma intensidade com que praticamente cria pinturas, maravilhando os olhos com aquelas dunas de areia e toda a construção fremen, abraçando ainda mais suas culturas e crenças, uma evolução e desenvolvimento do que já foi mostrado no primeiro longa, mas agora, é claro, muito melhor.

A fotografia em "Duna: Parte Dois" continua sendo primorosa, como já dito. É de tirar o fôlego tamanho apreço visual, com os tons de laranja e também a falta de saturação em certos momentos, incitando toda a aridez e dificuldade que há em Arrakis, uma terra que não é para todo mundo, mas é bela, deslumbrante, principalmente no final, onde é arte, com uma extrema atenção à qualidade visual. Em conjunto, a trilha sonora de Hans Zimmer completa toda a grandiosidade que se imagina, enaltecendo todas as sensações propostas, fazendo com que a experiência de assistir a esse filme no cinema seja recompensada, um deleite, uma jornada tão intensa quanto a do próprio Paul Atreides.

Mais uma vez, sem qualquer surpresa, o elenco de Duna se mostra firme e super capaz de dar vida a essa realidade. Timothée Chalamet agora carrega ainda mais camadas e, mais para o fim do filme, uma expressão e ações que simplesmente deslumbram, mostrando sua verdadeira capacidade de atuação. Zendaya, como Chani, com muito mais tempo de tela, pode explorar sua personagem, a relação dela com Paul Atreides e sua própria influência no geral. Rebecca Ferguson já era maravilhosa como Lady Jessica, mas agora a imponência de sua personagem, somada a certos conflitos com seu próprio filho, a fazem alguém a ser observada e temida. Com certeza, seu futuro será interessante. Agora, a presença de Florence Pugh como filha do Imperador, a princesa Irulan Corrino, estende a pouca visão sobre esse ambiente que não foi muito falado no início, expandindo ainda mais o mundo. Austin Butler é deslumbrante ao interpretar Feyd-Rautha Harkonnen, uma ameaça imensa, um vilão insano e perigoso que exala sua imprevisibilidade e com isso conquista facilmente o público, sendo muito bem explorado e deixando um gosto de quero mais.

Eu gostaria de dizer que o final de "Duna: Parte Dois" completa essa duologia, até o momento épica, mas não, a sensação de que há mais, juntamente com todas as portas em aberto que ainda serão fechadas enquanto outras se abrem, mantém toda a atenção do espectador na tela mesmo durante os créditos, porque o universo fantástico de Duna ainda tem muito a mostrar, a explorar, sendo uma trilogia? Ou uma saga? Só o tempo irá dizer, mas a jornada de Paul Atreides parece estar longe de acabar.

Com tudo apresentado, é evidente minha paixão pela obra, cada segundo investido naquela sala de cinema foi uma experiência para a vida, vendo um livro que parece incrível se tornar um filme absurdamente essencial para qualquer um, o que não surpreende se no ano que vem concorrer a muitas categorias do Oscar, merecendo algumas estatuetas e por isso, com cada parte técnica perfeita, como em geral, tudo bem executado, torna "Duna: Parte Dois" um filme essencial, atemporal e uma experiência gratificante para quem assiste.

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