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“o Brasil é o país mais rico do mundo. seus rios, seus minérios e suas imensas florestas fazem dele o paraíso da terra. mas parece ser exatamente a sua riqueza a causa de tanta miséria.”

rogério sganzerla utiliza de diversos elementos que se mesclam num resultado único, na sua própria identidade no cinema marginal. mistura linguagens, o som é confuso em vários momentos, a estética é diferenciada da clássica, é caótico, desordenado, absurdo: e isso não é ruim! pelo contrário, é isso que determina sua personalidade, assim como em “o bandido da luz vermelha”. 

“tenho horror a miséria. tenho nojo de pobre” maria de fátima omg hiii 

Watched on Saturday May 24, 2025.

“me recusava a ver o que estava acontecendo. me recusava a aceitar a realidade. Deus e eu vivíamos num mundo organizado onde tudo fazia sentido.” 

um filme que com certeza traz reflexão acerca de diversas coisas. ele destrincha os sentimentos mais escondidos sobre religião e sobre ser humano. e pode não ser algo bonito e agradável. não é desconhecido o fato de que ingmar bergman evoca em seus trabalhos a mais forte das crises existenciais. ele nos provoca a ir no mais fundo, mesmo que o resultado não seja o esperado. 

luz de inverno começa na igreja e termina na igreja, o centro de maior análise pessoal durante a trama. ali naquele espaço tão simbólico é trazido a tona coisas que até então estavam adormecidas. é como se precisasse que uma situação acontecesse pra que tudo desandasse, mas na verdade é exatamente isso que é questionado; precisa mesmo? ou tudo aquilo viria a tona em algum momento por outro motivo, seja ele qual for? além da evidente dúvida acerca da fé religiosa e as várias dúvidas e desespero que isso trouxe, é sobre a fé que cada um tinha em si que foi perdida. 

bergman faz com que seus personagens transbordem de si mesmos, em busca de alguma coisa incerta, mas que acreditam que possa os salvar.

Watched on Thursday May 22, 2025.

Watched on Tuesday May 20, 2025.

Watched on Tuesday May 20, 2025.

“foi aí que eu realmente comecei a entender que eu era um profissional de música. quando eu fiquei fudido.” falou tudo vô! 

a parte da história com o irmão e sobre ele conhecer ou não sua música foi muito legal, “então meu irmão me conheceu de alguma forma!”

(gota d’água é uma peça fenomenal. tive a honra de fazer parte de uma adaptação dela que teve na escola de teatro que eu fazia.)

Watched on Sunday May 18, 2025.

uma bela homenagem à “a falecida” e foi emocionante ver novamente a cena na chuva. na adaptação da peça de nelson rodrigues, em 1965, fernanda montenegro vive sua primeira personagem (zulmira) no cinema, e ali já podemos ver a grandeza dela. em “a dama do estácio”, de 2012, a também zulmira encara os mesmos sentimentos melancólicos com a entrega excepcional de fernanda. sempre incrível vê-la em cena.

quando eu vi o pôster do filme um tempo atrás eu fiquei com muita vontade de assistir e nem procurei muita coisa sobre. enfim assisti e infelizmente não curti muito. fica a curiosidade de saber o que vai acontecer mas é uma questão que pode ser facilmente resolvida com um google ou uma pesquisada no letterboxd. 

por mais que seja um pouco batida já, a premissa é bem interessante. abordar a infelicidade da personagem, saúde mental e o luto num filme de terror/suspense não é uma ideia ruim, mas não me apeguei muito ao andamento e o ritmo da trama, o modo como foi trabalhado não me cativou o suficiente. mas acho que a ideia do suspense psicológico tem muito potencial; as metáforas pra depressão, os delírios, a confusão, etc.

Watched on Friday May 16, 2025.

Watched on Thursday May 15, 2025.

“o palco é a minha fantasia, minha válvula de escape.”

é muito significativo criar uma peça de arte que homenageia alguém ainda em vida, onde ele também participa. ver a história de um artista tão importante, que construiu sua própria identidade, que quis existir num mundo onde temos que seguir certas regrinhas pra ser aceito. ney quis existir, existiu e existe. é pro ney de hoje e pro ney que “não foi criança nem quando era”. 

não tinha escolha melhor que jesuita barbosa pra interpretar ney matogrosso. é nítida a entrega dele nos sentimentos, na voz, no corpo, nas performances… é um artista interpretando outro artista. é arte sendo arte. aplausos e mais aplausos pra equipe de preparação. 

ver uma parte da história musical brasileira tomando forma é de um orgulho que devemos ter. pessoas que ousaram ser o que são em meio a um período tão conturbado e sofrido. e que continuaram. 

para ney matogrosso, por ousar ser livre.

Watched on Tuesday May 13, 2025.

as guria tudo sofrendo pra entrar no padrão e o príncipe sendo um feio e sem graça 😔💪

socorro, gostei muito!!!! que agonia da porra

the ugly stepsister reformula a história de cinderela e cria uma nova narrativa mas ainda conta com elementos do clássico, o que torna tudo muito interessante de assistir. ele mantém características dos contos de fadas originais ao mesmo tempo que trata de temas - pressão estética pra alcançar um certo padrão pra ser digna de amor - que dialogam com os dias atuais. 

o body horror é bem feito e dá muita agonia, as cenas gráficas e a sonoplastia aguçada em algumas cenas me lembraram bastante a substância (mas nesse ainda sendo bem mais explorado), além, claro, da temática semelhante. 

o final vai se fuder me subiu todo o café que eu tinha tomado puta que pariu 

se tem uma coisa que eu não to é happy. 

outro belo filme de wong kar wai, que conta mais uma vez com a poderosa direção de fotografia de christopher doyle; a famosa fotografia que encanta os olhos e provoca diferentes emoções (amo). essa parceria resulta novamente em um espetáculo para os olhos, aqui alternando entre as cenas coloridas e em preto e branco. 

como de costume nas tramas de wong kar wai, não temos um amor feliz e serelepe. um casal viaja para outro país, longe e desconhecido, para recomeçar. happy together (que de happy não tem nada) vai abordar as dificuldades e os empecilhos, assim como outros filmes do diretor. vai falar do impossível. é sobre querer algo, estar em busca de algo, sempre almejando alguma coisa, algum sentimento, algum alívio. o relacionamento dos personagens principais é conturbada e tóxica, e em nos breves momentos de romance podemos ver o sentimento que um dia foi, e que é o motivo da busca, de “recomeçar”. o “recomeçar” permeia a história, a tentativa de sempre tentar novamente. até que momento é pertinente tentar de novo alguma coisa? “nunca disse isso ao ho po-wing, mas não queria que ele se recuperasse logo. foram nossos dias mais felizes.” 

nos filmes do diretor é comum o foco nos sentimentos de solidão, dor, deslocamento, infelicidade; sentimentos esses tão obscuros mas que são tão recorrentes para nós e que precisamos aprender a lidar, de um jeito ou de outro. em happy together podemos ver a frustração e o cansaço dos personagens, aqui o “recomeçar” dá angústia, é exaustivo. é complicado lidar com tudo isso e ainda num país não familiar. gosto de como wong kar wai aborda esse misto; de um jeito poético, cativante, direto, sensível, triste, verdadeiro. 

“sempre pensei que eu fosse diferente de po-wing. mas parece que as pessoas solitárias são todas iguais.”

(obs.: letterboxd, devolve meu itálico!!!!!)
att: VOLTOU O ITÁLICO

Watched on Monday May 12, 2025.

e t e r n a.

Watched on Monday May 12, 2025.

Watched on Saturday May 10, 2025.

“eu acho que há um silêncio de como que as pessoas que foram torturadas vivenciam internamente isso. então eu acho que as pessoas até am saber que você foi torturada e acho que as pessoas sabem o que é uma tortura, mas o que elas não am ouvir é como que você se sente diante da tortura. qual foi sua experiência emocional, interna, diante da tortura.”

a crueldade interminável dos torturadores. doi ver os relatos dessas mulheres, e pesa mais por eu ser mulher também. toda vez que vejo relatos das torturas sinto o mesmo turbilhão de sentimentos; raiva, nojo, mais raiva. de algum jeito a vida continua, mas a dor permanece sempre. é imprescindível que a gente não esqueça o ado pra que ele nunca mais se repita. a história não pode ser apagada. 

“conviver com o sofrimento sem perder, por exemplo, o prazer de pensar, isto é possível?”

as cenas de irene ravache no meio dos relatos podem até trazer uma sensação de anti clímax, mas pensei também como uma escolha de lúcia murat de condensar outras histórias e sentimentos, inclusive os seus próprios (já que ela também foi presa e torturada). 

“aos que foram torturados e romperam a barreira da sanidade.”

Watched on Saturday May 10, 2025.

Watched on Monday May 5, 2025.

“aqui neste mundo tem mais gente morta do que viva.”

vemos logo no início o peso do luto e da solidão em mahito, que jovem já precisa lidar com tanta dor; ele se muda para um novo ambiente, se sente solitário, isolado e tem ainda pesadelos sobre a morte da mãe. a carga emocional do menino é evidente. 

no começo achei que a garça poderia ter aparecido como um apoio para mahito ou um personagem que guiaria ele a um certo caminho e me lembrei de meu amigo totoro. ao longo da trama me recordei muito de a viagem de chihiro, onde as aventuras e emoções dos personagens se unem pra criar uma jornada fantástica. apesar do filme já ter um tempo que lançou eu não sabia muito sobre - aliás a estratégia que tiveram de pouco marketing e a divulgação com pouquíssimo material foi bem interessante; arriscada, mas felizmente deu certo. 

gosto de como nos filmes do studio ghibli os animais e a natureza são personagens com muita potência na narrativa e aqui não é diferente. por fim, a jornada de mahito consiste nas diferentes emoções sentidas durante o luto e é mostrada de uma maneira muito sensível, onde ele se encontra e encontra uma nova realidade. antes mahito dizia que “lá em cima” não era bom, no final ele queria voltar pra lá. todos sabemos que a morte é inerente e “a única certeza da vida” mas quando ela acontece somos completamente destruídos. muda o curso das nossas vidas e vira uma missão diária aprender a lidar com o luto que fica.

Watched on Sunday May 4, 2025.

TALENTED, BRILLIANT, INCREDIBLE, AMAZING, SHOW STOPPING, SPECTACULAR, NEVER THE SAME, TOTALLY UNIQUE, COMPLETELY NOT EVER BEEN DONE BEFORE

é realmente estranho sentir solidão mesmo estando cercado de pessoas. encontros e desencontros fala sobre a solidão e o isolamento (temática que geralmente me cativa). as cenas parecem meio desconexas, mas me ou a sensação de rapidez, efêmero, perdido mesmo. a estética nublada em conjunto com o silêncio que percorre o filme reforça essa ideia - a fotografia é bem interessante.

mais um daqueles filmes que tava na lista de assistir há um bom tempo. assisti agora e infelizmente não curti muito a experiência no geral. não senti empatia com os personagens (bem irritantezinhos), a ideia de romance foi nada a ver, o enredo não me pegou… achei que poderia gostar por causa da temática, mas não aconteceu.

Watched on Wednesday April 30, 2025.

é impressionante ver a ambientação e a cinematografia que é tão wong kar wai. incrível como ele consegue criar uma identidade tão genuinamente dele. eu descreveria minha experiência assistindo fallen angels como: senti que estava sufocada dentro de um sonho desconfortável. a imagem é feita de distorções, proximidade, incerteza, correria. o ponto alto do filme com certeza é esse estilo. é como se fosse um mundo particular que cria vida na madrugada, que brinca com cenas coloridas e cenas preto e branco. 

wong kar wai é conhecido pelas suas histórias de busca. busca de si, de alguém, de algo. pessoas perdidas que buscam algum tipo de conexão, de fundamento. histórias de encontros que se desencontram, amores que não se realizam, de quases. é como se vivessem nesse ciclo de solidão e busca; e eu gosto muito disso. 

em fallen angels a proximidade com os personagens e a narração podem ser artifícios que nos aproximem deles, mas pra mim não foi o suficiente pra criar uma conexão maior com a trama. o filme com certeza me cativou mais pela imagem do que pela história ou personagens. a fotografia aqui é como o personagem principal que conduz a trama enquanto há coadjuvantes ali tendo um enredo menor. será que eu gostaria do filme se não tivesse essa ambientação? ou ela se sustenta por si só? 

in the mood for love segue invicto como o meu favorito do diretor. 

Watched on Tuesday April 29, 2025.

“a herança” começa com um bom ar de suspense, tem uma fotografia (o ponto alto) muito interessante que contribui pra essa vibe e é bem dirigido. gostei de como mostraram a estranheza e o desconforto em alguns momentos logo quando eles chegam na casa, já criando ali a ideia de algo errado, fora do lugar (que condiz também com o tempo de duração do filme). 

dito isso, infelizmente o desenvolvimento ao longo da trama peca em alguns pontos; não se aprofunda em nada exatamente, fica vários temas abordados superficialmente. acredito que o terror psicológico poderia trazer um tom interessante se fosse mais trabalhado. mas não é o pior filme do mundo como vi algumas pessoas falando. 

no geral, a ideia do filme é muito boa e seria incrível se tivéssemos mais filmes nacionais novos nesse teor.

eu fiquei anos no luto. aqueles versos não saiam da minha cabeça. “buchecha sem claudinho.” “por quê?” “por quê?” 

a nostalgia que o filme traz com as músicas me pegou. lembro de ouvir as músicas tocando mesmo anos depois da dupla “acabar”. o alcance que eles conseguiram é incrível. em sinners é falado sobre a música transcender espaço, tempo e gerações, e lembrei disso agora assistindo um filme sobre claudinho e buchecha. 

juan paiva e lucas penteado deram vida aos amigos de uma maneira muito bonita, genuína e respeitosa. emocionante ver a amizade dos dois e a conexão que tiveram. na verdade, o elenco todo foi maravilhoso. 

queria ter visto mais do claudinho mas acredito que pelo fato do filme ser da ótica de buchecha, consequentemente acabamos sabemos mais dele, mas no fim “nosso sonho” nos mostra uma história muito bonita de uma dupla sensacional. a cena do show no final me arrancou umas boas lágrimas. até que a cena pós créditos bem no finalzinho me quebrou de vez.

a gente tá em abril ainda mas FILME DO ANO!!!!!

sai do cinema sem reação mas sentindo várias coisas ao mesmo tempo depois de ver essa obra prima. é muito fácil a gente ver algo que várias pessoas estão comentando possivelmente e criar uma expectativa muito grande e se frustrar. mas aqui aconteceu justamente o contrário. eu fui sim com expectativas altas mas me surpreendeu positivamente muito ALÉM! na primeira cena dá pra sentir que a direção de ryan coogler vai ser arrebatadora.

o filme tem tantas camadas, tantos sentimentos, tantas dores, vai ser difícil colocar tudo numa review. fala de identidade, ancestralidade, cultura… ele tem duas horas de duração mas quando termina, ele não acaba. ele perpetua. a construção dos personagens funciona tão bem, o desenvolvimento da trama é muito envolvente, o blues dominando a cena… cara, é muito bom!!!! não sei nem o que escrever exatamente, to extasiada ainda, assistam!!! 

“meu amigo totoro” é sinônimo de um abraço bem apertado, de um sol que bate no rosto quando tá friozinho e tem gosto de chocolate quente. 

é uma história relativamente simples, mas é tão mágica. studio ghibli tem esse poder de fazer tramas com aventuras cativantes e personagens encantadores, e é muito bonito de ver a conexão e cumplicidade que as irmãs compartilham entre si, verdadeiras parceiras. de um modo geral, mesmo com algumas cenas mais emotivas, o filme é leve e gracioso como elas voando com o totoro. 

a cena que o totoro encontra as meninas na rua durante a chuva e a satsuki entrega um guarda chuva pra ele é de uma pureza incrível. é o conforto de um ser mágico sendo amigável com duas crianças e a bondade de uma menina com um ser que ela ainda não tinha muita familiaridade. “meu amigo totoro” é delicadeza.

é assustador assistir esse curta e pensar nas atrocidades que foram feitas na vida real. ele por si só tem um atmosfera perturbadora, incômoda e desconfortável, mas saber de toda a história por trás faz a experiência de assistir ser mais apavorante ainda.

“acho que o mundo é um lugar cruel e complicado, e parece que ele pensa o mesmo de mim.”

por algum motivo eu ia adiando assistir os rejeitados, acho que porque sempre tinha algum filme que eu queria ver antes e acabou ficando pra depois. o dia finalmente chegou e assisti hoje. e digo que: eu queria ter assistido antes. a dinâmica me cativou demais desde o início, a ambientação é ótima, os personagens são muito reais e tem um toque divertido que traz um tom bem interessante pra trama. 

conhecemos os mundos de três pessoas além da escola (o ponto que os une). mary, que perdeu seu filho. angus, que foi largado pela família. e paul, o professor ranzinza. os três acabam se entrelaçando e compartilhando as próprias dores, assim acabamos descobrindo muito além das impressões iniciais. o elenco é fascinante; a jovialidade de dominic sessa, a veracidade de da’vine joy randolph (que infelizmente fica só como coadjuvante, a personagem podia ser muito melhor aproveitada) e a grandeza em cena de paul giamatti. 

o natal pode ser um dia agridoce pra muitas pessoas. mesmo cheio de gente, pode se sentir sozinho. tem pessoas que am o natal sozinhas (eu já ei), etc. o filme é principalmente sobre indivíduos solitários que enxergam entre si um apoio, um breve momento de abraço e entendimento. ainda mais no natal, que é um evento tão familiar, recheado de risadas, abraços e contato humano. muitas vezes um momento de vulnerabilidade. 

- por que não escreve logo um livro?
- não sei se tenho o suficiente para um livro inteiro. 
- não consegue nem sonhar um sonho inteiro, não é? 

quem é o monstro? 

monster te leva numa jornada de tensão e curiosidade, te conduz para vários lados, te apresenta várias perspectivas da mesma história. de início, não sabemos exatamente o que tá acontecendo, qual a verdade por trás. tudo se desenrola com o propósito de nos deixar com mais dúvidas do que respostas. é uma narrativa fora da curva e incerta, ao o que começamos a ver as perguntas serem respondidas.  

podemos ver como a mãe se importa com o bem estar do filho, e como tenta criar e manter um ambiente bom para ele, mesmo com a partida do pai. como ela persiste em querer lidar com a situação na escola e entender os sentimentos do filho. isso acontece ao mesmo tempo que há comentários maldosos sobre ela ser “mãe solteira”. podemos ver como uma conexão com alguém nos ajuda a sentir mais leves, os poucos momentos de risada que ouvimos no filme. podemos ver o desespero do professor diante dos acontecimentos. todos os dramas pessoais que os personagens enfrentam resultam numa cama de gato envolvente. monster nos apresenta as peças e quer que nós montemos o quebra cabeça. que seria qual?

a escolha de mostrar as diferentes perspectivas dos personagens e as mudanças que ocorreram foi bem interessante. por causa disso, acredito que seria uma boa ideia assistir o filme novamente e talvez pegar informações que não peguei da primeira vez, já que a dinâmica da história já está mais familiarizada. 

por fim, é sobre ser num mundo que não tá preparado pra acolher. “a felicidade é algo que qualquer um pode ter.” 

“nós cruzamos com muitas pessoas todos os dias. podemos não saber tudo sobre elas. mas um dia podem se tornar nossos amigos ou até mesmo confidentes.” 

eu gosto de como o wong kar wai conduz as suas narrativas, transformando-as em algo poético, porém muito real. as vezes sem grandes acontecimentos, mas o recorte de um momento, de um período. enaltecendo tal momento com a grandiosidade simples que ele pode ter. 

chungking express é sobre rapidez, de agoras que vão, de sentimentos que ficam. é sobre conexões feitas a partir de um segundo, conexões esperadas ou não, que vem do nada. momentos am tão rápido mas memórias perduram por tanto tempo. é tentar segurar a conexão até o último fio, se agarrando a migalhas pra deixar vivo. wong kar wai consegue com maestria mostrar a dor, a solidão, o desespero e a desilusão; um exemplo é o policial falando com os objetos da casa, tentando manter viva a conexão com a ex parceira, mas quem vive na solidão é ele. assim como as conexões rápidas, os personagens também são ageiros. se as memórias pudessem ser enlatadas, elas também teriam data de validade? 

ainda não senti em outro filme do wong kar wai o que senti assistindo in the mood for love (filme esse que a pela minha cabeça pelo menos uma vez por dia), mas o estilo do diretor sempre me chama muito a atenção, e vou continuar experienciando novos filmes dele que ainda não assisti.

obs.: 1: trilha sonora icônica.
obs.: 2: o personagem da primeira história é bem chato, dá pra entender porque o relacionamento acabou.

“me sinto como uma espectadora em minha própria vida. como se eu fosse coadjuvante da minha própria vida.”

a pior pessoa do mundo na verdade é uma pessoa incerta, imperfeita, desajustada, acerta, erra; talvez até erra mais do que acerta. só que o título de “a pior pessoa do mundo” é o que nos auto definimos por ser justamente esses adjetivos. quando nos cobramos demais, quando queremos ser algo que nem sabemos se seria bom ou não, quando queremos fazer várias coisas, quando não nos achamos suficiente. é querer se sentir viva quando o sentimento é de coadjuvante da própria vida. sempre na espera de algo maior, melhor, que supere uma expectativa criada, desejada, ansiada. o filme mostra como podemos ser a pior pessoa do mundo pra outras pessoas e como podemos ser a pior pessoa do mundo pra nós mesmos. 

pra quem se sente pelo menos um pouco parecido com a julie, se sente incomodado muitas vezes. foda se identificar com tantas coisas dela. é se enxergar de uma maneira não muito confortável e bonita, mas real. mas é aí que tá o palpável do filme. (queria que tivesse um aprofundamento maior nas escolhas profissionais dela, a busca e as frustrações).

“desperdicei muito tempo me preocupando com o que poderia dar errado. mas o que deu errado nunca foram as coisas com as quais me preocupava.” 

o tempo ando, os anos voando, a pressão, a sensação de perda, o medo do incerto, o desespero, a corrida contra o tempo. coisas irracionais pra uns, mas que são tão reais pra outros. diante dos imes e das dificuldades da vida, podemos nos sentir a pior pessoa do mundo.

eyes without a face reforça a perspectiva que tantos outros filmes de terror (por exemplo psicose, de hitchcock, inclusive lançado no mesmo ano) queriam trazer para o gênero; o monstro sendo o próprio ser humano. um, no entanto é o físico, o exterior, o outro, leva para o interior, o campo psicológico. (acho que só fiz essa conexão mesmo pelo ano de lançamento dos dois e porque a cena inicial desse filme me lembrou uma cena da marion dirigindo)

o filme tem alguns elementos clássicos de terror; suspense, sangue, mutilação, sofrimento, maldade… é evidente que, para a época que foi produzido, filmes desse gênero ganham um olhar específico do público; muitas vezes não muito positivo. tem uma cena mais gráfica e até que longa que traz ainda mais perversidade à história e personalidade à narrativa (hoje podemos dizer que isso é até comum de se ver). eyes without a face, porém, também tem um toque de fantasia, de lúdico. algo da imaginação, de uma fábula, mas que constrasta com a realidade cruel que é apresentada. a cena final pode ser dividida em duas partes: 1. é muito significativa pra ideia de libertação que a personagem teve; e fica a pergunta, o que acontecerá com ela daqui pra frente? 2. o rosto do doutor e os cachorros (que latem ao fundo de várias cenas no decorrer do filme, como uma espécie de aviso para nós).

não se arrependa. lembre-se. 

“retrato de uma jovem em chamas” me prendeu desde o início. é artístico em tudo que se propõe; é bonito, grandioso, sensível, delicado, sutil e todos os adjetivos de qualidade que cabem dizer aqui.

“…quando fica sentida, você faz isso com a mão. e quando fica constrangida, você morde os lábios…”

“…quando não sabe o que dizer, você toca a testa. quando perde o controle, você levanta as sobrancelhas…”

essa cena me chamou bastante a atenção. marianne precisava estudar os detalhes de héloïse para conseguir pintá-la. encontrou dificuldades num primeiro momento em reproduzir características físicas, mas ela estava atenta aos gestos e manias da retratada. assim como héloïse também estava atenta a marianne. é nesses pequenos momentos que vemos a grandiosidade da narrativa. “estamos no mesmo lugar. exatamente no mesmo lugar.” elas tiveram seu pequeno infinito. 

céline sciamma constroi o amor nos olhares, no silêncio, nos entendimentos, nas vírgulas. transforma cenas que poderiam facilmente ser obras de arte. através de claire mathon (diretora de fotografia) tudo vira arte. o filme todo remete a arte. pintura, poesia. tem diversas cenas arrebatadoras feitas com delicadeza. tantas outras que gritam “cinema!!!” como a da marianne fechando a porta com a héloïse de branco. sinto que foi tudo feito com graciosidade e potência. 

(eu não sabia que os corações na hora de dar a nota eram pequenas chamas, achei que tava bugado aqui e demorei pra entender, socorro)

“e eu? quem sou eu exatamente?”

“meu pai” escolhe usar uma narrativa não linear e foi com certeza um acerto; ficamos confusos, desorientados e sem entender a linha do tempo exatamente mas é justamente esse sentimento que faz a experiência de assistir o filme mais interessante (e triste). o nosso ponto de vista é incerto, solitário, impreciso. anthony nos leva pra sua mente perdida, com lembranças desconexas e dias fora de ordem. é muito complicado pra quem convive e deve ser mais difícil ainda pra quem está sentindo. imagina constantemente se sentir perdido dentro de sua própria cabeça? é como um labirinto ficando cada vez mais difícil de sair. eu desabei quando ele falou “eu quero minha mamãe”. 

“eu sinto que estou perdendo todas as minhas folhas. os galhos, o vento e a chuva.” 

anthony hopkins e olivia colman estão magníficos.

“não vai me comer, sabe por quê? porque eu tenho nojo de homem, acho homem a coisa mais nojenta que já inventaram. cê quer saber a coisa que eu acho mais asquerosa? a coisa que eu acho mais asquerosa no mundo é cueca usada, tá legal? eu tenho nojo de cueca usada, eu tenho horror! cê quer me ver louca? é me dar uma cueca usada! eu tenho horror de cueca usada, eu tenho horror de homem, eu tenho nojo de homem, eu tenho horror!”

“os 7 gatinhos” é realmente obra de Nelson Rodrigues. a desconstrução da família e da moral, tão presentes nas peças de Nelson, se faz mais uma vez presente aqui. o pai Noronha (interpretado pelo maravilhoso Lima Duarte, que entregou uma atuação incrível) é um homem agressivo, controlador (e que sempre fica na defensiva por causa de sua profissão, considerada inferior) constantemente humilha sua esposa e suas filhas mais velhas e enaltece a filha mais nova, por ver nela uma figura angelical e o ápice da pureza. é o controle, de uma forma ou de outra. 

as mulheres nesse círculo familiar são apenas objetos para Noronha; as filhas mais velhas são vistas como mercadorias e são a vergonha por ainda não terem se casado, e Silene (a mais nova) é o orgulho por ainda ser virgem e pura. tudo muda, claro, quando a imagem construída de Silene desmorona. aqui começa a catarse. 

o filme vai te levar em lugares muito desconfortáveis. Nelson é assim e o cinema de Neville em “os 7 gatinhos” é assim. é nojento, insensível, cruel, mete o dedo na ferida que é a hipocrisia. o final, regado de vermelho, é o escape das emoções resguardadas.

não sei nem que nota dar. to com raiva, me sentindo enjoada e chorava a cada 5 minutos assistindo. é cruel, gráfico, nojento, extremamente devastador. o cinismo dos abusadores, o descaso das autoridades, a tortura com as crianças, a “condenação” ridícula, tudo tão injusto. saber que isso foi baseado em uma história real torna tudo mais horrível.

Watched on Wednesday April 16, 2025.

“vejo o dia, vejo a minha vida, a sua morte. a minha vida que continua, a sua morte que continua.”

hiroshima mon amour fala de lembranças e esquecimento. a dor de lembrar e de falar sobre a lembrança. esquecer ou querer esquecer. quando surge o apelo à memória esquecida, a personagem a traz para sua realidade atual, revivendo tudo; a dor, o trauma, a lembrança e o esquecimento. a bela escrita de marguerite duras e as imagens certeiras de alain resnais criam uma atmosfera de sofrimento e distância. distância do que houve e distância do que há. é um filme de lacunas, de espaços sendo preenchidos por memórias não agradáveis. e no momento que elas ficam dolorosas demais, caem no esquecimento novamente. faz bem? faz mal?

“o tempo ará. só o tempo. e chegará o tempo em que não poderemos mais nomear o que nos liga. o nome se apagará pouco a pouco das nossas memórias até se desvanecer por completo.”

dear suzy, here’s my plan 
dear sam, my answer is yes 
dear suzy, when?
dear sam, where? 

kleber mendonça filho gênio

num primeiro momento vemos dois meninos
adolescentes aparentemente muito próximos, e isso logo se concretiza com as cenas de conexão e proximidade dos dois. uma amizade muito genuína é vista, assim como também são mostrados os sentimentos diversos que vêm naturalmente na fase de crescimento. muitas coisas são evidentes mas outras se encontram nas entrelinhas, silenciosas, quase implorando para serem ditas em voz alta.

o silêncio inquietante e a paisagem belíssima. 

após o que aconteceu com rémi, o processo de luto de léo é bem complexo. tentamos ler os pensamentos do menino através de seus olhares e suas atitudes. culpa, tristeza, raiva… são emoções canalizadas de formas muito diferentes. tudo isso pesa ainda mais quando lembramos que são crianças. aliás, um salve para as atuações muito boas do elenco. 

ainda assim gostaria de ter visto um desenvolvimento maior na relação dos dois e um aprofundamento no sentimento de cada um antes do que aconteceu com remi. acho que isso acrescentaria um pouco mais de sensibilidade e ternura ao andamento da narrativa.

que plot hein!!!

um clássico do expressionismo alemão que explora muito bem suas características, com uma ambientação fantástica de distorções e recheada de elementos cubistas. o ponto alto do filme com certeza são os cenários impecáveis que contribuem para a ideia de não realismo; cenários esses que também trazem claustrofobia e ilusão. o gabinete do dr caligari é muito interessante de assistir, o enredo é bem construído e estimula a tensão até o ápice do final. não é a toa que o filme serve de inspiração até hoje para outros do gênero; um terror/fantasia fascinante.

in no particular order

• Autumn Sonata
• Sidewalls
• Dead Poets Society
• Before Sunrise
• Before Sunset
• Before Midnight
• Persona
• Moulin Rouge!
• Estômago: A Gastronomic Story
• In the Mood for Love

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