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Um país do mundo, um filme - 17/144
Chile 🇨🇱 

Uma péssima execução de uma premissa interessante, porém esvaziada pela indecisão de seu diretor em como lidar e tratar os personagens — não sabe se humaniza-os ou se os desumanizam por inteiro. E tampouco sabe como fazer isso. As atuações até que conseguem se doar para a carga dramática, porém o texto é rasteiro e reles. De péssimo gosto também são as sequências que o diretor decide filmar para chocar — gratuitamente, ele coloca uma sequência gráfica de violência sem qualquer propósito, pois bastava uma abordagem sútil para desenvolver o que se queria. “Algunas Biestas” não consegue ter a vitalidade dramática de outros filmes da nova onda do cinema chileno.

Um país do mundo, um filme - 16/144
Argélia 🇩🇿 

O tempo certamente é o senhor da cura e do processo. E assim como o tempo, “Until The Birds Return” é bonito e trágico, e abrange tudo. Cultura, ética, humanidade, amor, a vida. Isso nos diz precisamente a razão porque teve que ser contado em três histórias interligadas. Visual e musicalmente contido, mas com um propósito certeiro — apesar de uma lentidão que se instala no terceiro ato, justamente quando o roteiro necessitava de mais agilidade.

Um país do mundo, um filme - 15/144
Irlanda 🇮🇪 

A premissa de “Bring Them Down” é um interessante exercício sobre o clico da violência perpetrado pela masculinidade e suas tensões. O roteiro consegue criar uma atmosfera destrutiva que serpenteiam as tensas relações entre os personagens. Atrelado à isso, há uma boa direção nos primeiros minutos do filme, mas apesar da não-linearidade da narrativa, o recurso dos pontos de vistas diferentes cansam a história e não seriam necessários para o desenvolvimento, visto que, a discussão sobre as consequências de um evento são mais importantes do que o evento em si.

Um país do mundo, um filme - 14/144
Áustria 🇦🇹 

As origens daquilo que permite a disseminação de violência e crueldade na sociedade permanecem como uma teia complexa que envolve relações familiares e o desempenho do papel social de cada indivíduo. Haneke cria uma sombria atmosfera de terror, ao abordar uma onda de violência em uma pequena vila do interior da Alemanha, em 1913, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. O medo, o sentimento ruim e a certeza de uma possível e iminente revelação rapidamente são sentidos e explorados com maestria pelo diretor. A fotografia é um triunfo — estamos diante de um daqueles filmes que prosperam unindo a fotografia e o enredo. “The White Ribbon” mostra a força do mal de se infiltrar nas relações mais íntimas e comuns e corromper as pessoas de dentro para fora.

Tem uma boa história, mas dificuldades em lidar e expandir os horizontes dramáticos do arco do protagonista. Algumas partes acabam ficando em áreas cinzas e sem o tratamento necessário pelo roteiro. “Shed My Skin” tem boas performances e uma direção sólida, que cria sequências frenéticas e tensas, a fim de estruturar a persona de seu protagonista — a esfera principal do filme. As demais esferas, giram timidamente, sem grandes impactos narrativos.

Um país do mundo, um filme - 13/144
Senegal 🇸🇳 

O destino e o meio natural se tornam forças contrárias aos protagonistas do visualmente lindo “Banel & Adama”, uma história de amor e vida, e tudo que existe no entremeio, sob o sol escaldante do deserto. O filme peca no excessos de suas idealizações, perdendo o equilíbrio entre o realismo e a magia, como faz em certos momentos. É uma bela história que necessitava de mais solidez e estruturação, mas que não tira o mérito irretocável da direção do filme.

Um país do mundo, um filme - 12/144
Índia 🇮🇳 

Uma jóia do cinema indiano, “The Lunchbox” é amargo e apaixonante. O filme possui um enredo simples e uma premissa cativante, todo o seu desenvolvimento é bastante agradável e a construção da história é um grande acerto. Bastante simples, o filme funciona como uma singela carta de amor a simplicidade, a nostalgia e a chance de viver uma vida impensável e muito desejada. Há nuances em destaque, como a culinária e a exploração das realidades — que nunca foi necessariamente uma característica do cinema hindu, mas que desempenha um papel triunfante aqui.

O conceito e a história de “The Summer with Carmen” traz bons momentos e a metalinguagem cumpre bem sua função dentro da narrativa. Apesar do frescor, o filme não escapa dos vícios e das repetições em círculo. É inteligente e ousado, mas somente até certo ponto — pois desenvolve problemas devido aos arcos limitados de seus personagens, que não avançam naturalmente. Atuações são básicas, não há espaço para nenhuma profundidade dramática.

Um país do mundo, um filme -  11/144
Espanha 🇪🇸 

Bons diálogos e uma bela fotografia rapidamente criam uma espécie de conforto para quem assiste o filme. Esse sentimento flui bastante até o fim do primeiro ato. “Alcarràs” representa de forma autêntica a vida de uma família campestre, as suas incertezas e dificuldades. Há um problema com o ritmo, pois existem alguns momentos que poderiam terem sido cortados, sem causar qualquer dano à história. Faltou mais solidez na construção da crítica às transformações do mercado — a premissa do filme basicamente. A vida continua, assim como a injustiça e a ganância de um sistema.

Um país do mundo, um filme - 10/144
Tajiquistão 🇹🇯

Sereno, meditativo e místico. “The Silence” é uma obra lírica, com um visual colorido e vivo, que enche os olhos e a tela. De premissa simples e com dispondo-se de modestos elementos cinematográfico, o filme é uma forma marcante de nos lembrar da força silenciosa do cinema — onde a sensibilidade e a maneira humilde de ver a vida são triunfos dentro da arte. Há mensagens e simbolismos bem colocado, com a principal mensagem sendo a luta válida e penosa para se ter esperança.

Com uma estrutura narrativa medíocre, cenas ridículas e atuações vergonhosas “Fear Street: Prom Queen” é uma sucessão de erros e tentativas fracassadas de se consolidar como um bom slasher. Nem mesmo a ambientação oitentista agrada e tudo parece extremamente forçado e antinatural. A trilha sonora é usada como elemento de camuflagem, isto é, utilizado para esconder uma pobreza visual ou narrativa e para causar afeição do espectador — mas obviamente o filme é mal executado e não consegue nem sequer rir de si próprio. Algo sempre bem-vindo em produções desse subgênero do terror.

Um país do mundo, um filme - 9/144
Venezuela 🇻🇪 

“Desde Allá” é sobre a força do não-dito, sobre olhares vagarosos e uma distância insistente e nua. A história de um amor improvável encontra rebeldia, vouyerismo e boas doses de pessimismo. A direção executa bem as tomadas e conduz os atores com firmeza, ainda que o ritmo lerdo atrase bastante o desenvolvimento do filme, criando uma sensação inevitável de que nada está acontecendo. Mas fora isso, o filme é bastante intrigante e quando abraça o pessimismo e as complexidades do indivíduo consegue ter o seu triunfo — mesmo que de longe.

Um país do mundo, um filme - 8/144
Quirguistão 🇰🇬 

É interessante as escolhas do diretor nesse drama complexo e contido sobre as relações entre mãe e filho — contido porque o filme nunca se expande para além de sua história, apenas interioriza seus sentimentos a fim de isolar cada vez mais seus personagens. As paisagens e a cultura do Quirguistão chamam atenção, mas não são tão bem abordadas como deveriam, visto que havia um vasto campo e cenário para ser usado como elemento cinematográfico. No entanto, “Keep Going” tropeça em manter o nível dramático requerido pela história.

Um país do mundo, um filme - 7/144
Nigéria 🇳🇬 

A complexidade de seus temas resulta em um drama sólido e eficiente e, ao mesmo tempo, a forma como os personagens são construídos adiciona mais camadas em um abstruso retrato do cotidiano feminino da Nigéria. Há algumas derrapadas no segundo ato, principalmente acerca do ritmo, que é lento e se arrasta bastante em alguns momentos, criando uma impressão de que é mais bem longo do que realmente é. Mas é fácil de simpatizar e ser movido por “B for Boy”, pois sua mensagem ecoa e a naturalidade em que essa mensagem é representada consegue criar um impacto — mesmo que não seja tão imediato assim.

Um país do mundo, um filme - 6/144
Eslovênia 🇸🇮 

Tem uma premissa já batida, mas que serve como o cenário apropriado para o desenvolvimento do tema. Emoções reprimidas, personalidades explosivas e autodestrutivas — é bem semelhante com abordagem que Eliza Hittman utiliza em “Beach Rats”, mas “Consequences” gasta muito tempo tentando preanunciar algo e nunca realmente chega ao ponto. A execução é bem amadora em certos momentos, mas o roteiro consegue construir os complexos personagens de forma natural, mesmo que nada seja tão memorável quanto sugere-se.

Um país do mundo, um filme - 5/144
Austrália 🇦🇺 

A visão de Justin Kurzel é intrigante e adiciona algumas nuances em uma história sobre ado. A violência está sempre presente, pois narrativamente é um elemento estrutural da construção do personagem e o diretor sabe aproveitar isso em algumas ocasiões, mas em outras, ele perde completamente o foco. O ritmo é incoerente com a proposta — toda a ambientação ansiava por um ritmo frenético, mas ao invés disso, temos algo muito fleumático. “True Story of the Kelly Gang” tem perfomances estrondosas de George MacKay e Nicholas Hoult, boas doses de homoerotismo, mas faltou ferocidade e ousadia.

Um país do mundo, um filme - 4/144
Chade 🇹🇩 

No árabe chadiano, lingui significa exatamente laços ou conexões, isto é, usado para descrever os fortes laços de solidariedade e apoio mútuo que existem dentro da comunidade chadiana, particularmente entre as mulheres. No filme “Lingui” esse apoio está diretamente entrelaçado com o tema do aborto — a direção até dá algumas escorregadas deixando a mensagem do filme por vezes mais fraca, mas existe uma força nas atuações e na construção da imagem, isto é, na lapidação de uma cultura. A execução apressada também respinga no desfecho, mas não compromete a sensação de acolhimento que o longa proporciona.

Um país do mundo, um filme - 3/144
Grécia 🇬🇷 

Poucos cineastas tem o poder de magicamente ar a alma do espectador e roubar tudo o que encontrar escondido ali. Toda a beleza, feiúra, angústia e alegria. Depois então tudo o que fora roubado é depositado milagrosamente na tela, gerando uma obra-prima em formato de filme, que assombra, comove, cura e transforma. Angelopoulos fez exatamente isso com sua odisseia “Landscape in the Mist” — um trabalho definitivo e um grandioso instrumento para nos fazer refletir sobre o significado da vida frente a uma constância de vazios e espaços enormes. E ao mesmo tempo é um lembrete poderoso que crescer parece que você não vai a lugar nenhum, mas que ainda assim está indo a algum lugar.

Um país do mundo, um filme. (2/144)
Japão 🇯🇵 

Com uma narrativa simples, um estilo sensível e uma abordagem natural, “Tokyo Story” é um triunfo do cinema em seu formato mais puro e sublime. A direção impecável de Yasujiro Ozu cria uma imersão e faz o espectador experimentar os diferentes sentimentos desenvolvidos pelo longa. Há o estranhamento, a decepção, a empatia e o luto, tudo bem dosado e brilhantemente conduzido — é uma daquelas obras que valoriza o lado humano e traduz para palavras e imagens algumas das aflições que mais nos atinge.

Um país do mundo, um filme. (1/144)
Guatemala 🇬🇹 

A ambientação fantasmagórica, os elementos de horror folclórico e força que sua história exerce fazem de “La Llorona” um triunfo cinematográfico. A narrativa é como uma chama que queima lenta e controladamente, expondo aos poucos as chagas de uma sociedade ferida e assombrada por um ado nunca remediado e facilmente esquecido — algo socialmente aplicado a todas as nações latino-americanas que aram por um processo penoso de exploração e extermínio. Esse produto guatemalteco ensina que as perturbações do presente só são resolvidas quando se confronta o ado.

Atuações excelentes e uma história importante infelizmente não salvam “Serving in Silence” de sua execução simplória e sem inspiração. A ambientação lembra de um telefilme da década de 90 e o desenvolvimento é tão apressado e afobado que mal consegue digerir bem os acontecimentos — especialmente no desfecho, em que fica a sensação de que alguma parte do filme ainda está faltando, então somos compensados com os cards de informações. Todavia, a dinâmica da atuação de Close e Davis é tão soberba que o filme vale por isso.

A sensação que tive assistindo “Domestic Disturbance” é que a sua trama foi originalmente idealizada como um drama familiar complexo, mas que acabou se tornando um suspense insosso por alguma razão — e até pode ser fácil de encontrar essa razão: a direção se satisfez com a simplicidade de um thriller. Personagens rasos, sem nenhuma profundidade em suas características. Apenas a típica atmosfera de um suspense fraco e desinteressante que nunca entrega aquilo que promete.

“Nonnas” tem os ingredientes certos para uma história que aquece o coração e nos deixa com um sorriso no rosto durante toda a projeção. O roteiro é bastante limitado, mas é compreensível devido aos seus temas — as atuações são bastante funcionais, sem nenhum grande momento ou discurso emotivo. Está tudo bem dosado para uma boa dramédia, com um ritmo coeso e um desfecho agradável. A simplicidade é o que pode causar certa indiferença, mas quem disse que a vida, com sorte e as vezes, não pode ser um pouco simples também?

A história que inspira “Il Ragazzo dai Pantaloni Rosa” é extremamente triste e uma prova da falta de humanidade que circunda as relações sociais desde o advento das redes. O cyberbullying se tornou uma ferramenta cruel de humilhação e violência, e os casos vem aumentando nas últimas décadas. O filme funciona até certo ponto — como transmissor de uma mensagem, por exemplo, ou como um manifesto de denúncia. Mas a execução dele não está a altura do material e da história que possuía em mãos. Faltou mais emoção em alguns momentos, e o está recheado de close-ups exagerados, diálogos ruins e cenas incompletas.

Apesar de destoar bastante da obra original — seja do livro de Ira Levin ou da primeira adaptação da história — “The Stepford Wives” tenta fazer uma repaginada e acaba sucumbindo a tentação de transformar uma sátira sombria em uma comédia satírica pastelão. E é compreensível, pois grande parte das reclamações quando histórias são adaptadas mais de duas vezes para o cinema é a de que elas são repetitivas. Porém, mesmo apostando no camp e no tom cômico, o filme é previsível e suas reviravoltas não sustentam como parece. Nicole Kidman está soberba — suas atuações em comédias sempre são esnobadas, mas ela prova mais uma vez o motivo de ser esplendorosa.

A narrativa de “Tu me manques” é à primeira vista bastante intrigante, pois brinca a metalinguagem ligada ao teatro e constrói as bases para uma imersão do espectador com o seu enredo. É uma forma extremamente inteligente de desenvolver uma história dolorosa e isso se dá graças a uma direção competente. iro que demorei para me acostumar com certos recursos do roteiro, mas as sequências são bem dirigidas e dão o peso dramático correto para não transformá-las em cenas de humor. A mensagem do filme é potencializada em seus minutos finais, um desfecho que se apresenta no momento certo.

A força de “Revenge” está na sua enxuta narrativa fruto de um trabalho suave de roteiro e direção — a ótima Coralie Fargeat entrega aquilo que realmente se espera em um body horror, somado à trama de vingança como resultado de uma violência sexual. A diretora evita fetichismo e sequências gráficas e vexatórias de exploração da violência sexual, infelizmente comum em filmes do gênero. E por essa razão, juntamente com o sublime trabalho de atuação da protagonista, é que “Revenge” pode até parecer com diversas obras na questão do enredo, mas se distancia dos demais quando o assunto é execução e autenticidade.

Esse é um caso clássico de um bom filme de ação que peca em subestimar o espectador. Os erros já começam em um enredo que vai enfraquecendo ao longo da execução, como dirigir em uma estrada esburacada sem qualquer sinalização, e se revela como uma história frágil, muito dependente de um final verborrágico e repetitivo — onde o vilão conta todo o seu plano de livre e espontânea vontade, revelando mais uma face do roteiro fraco. O final até nos remete aos desfechos comuns nos filmes de ação oitentistas, mas o tom era outro, havia um suspense que logo tornou-se nulo e um drama que não se encaixava ali. “Exterritorial” se apequena diante de suas próprias limitações.

“True Lies” mistura ação e suspense em uma exitosa sinfonia de gêneros, com bons momentos cômicos graças a um timing precioso do roteiro. A direção consegue transitar entre os gêneros sem quebrar o ritmo — mesmo tendo um desfecho previsível e diálogos cafonas, há de se elogiar o roteiro por criar algo que poderia facilmente dar errado nas mãos de um diretor mais ional. Felizmente, o que falta lhe em humildade, James Cameron recompensa com detalhismo. Ele está sempre observando cada o de seus atores, quase os sufocando, mas isso é bom para que o resultado almejado seja alcançado.

A premissa de “It Comes at Night” soa bastante interessante quando observamos do ponto de vista do gênero, isto é, do cinema apocalíptico que produziu dezenas de obras sobre o fim do mundo e que geralmente seguem uma linha mais distópica. Aqui temos uma ambientação que serve a esse propósito com êxito, mas uma simultaneamente temos uma história que tropeça nos obstáculos que cria para si — um desenvolvimento intrigante dos personagens, mas nada que justifique esse desenvolvimento, visto que, não há nada lá na frente. A falta de pressa, o ritmo lento, é nesse caso o inimigo do filme. Seu metabolismo entedia facilmente para um filme de terror e sua história não se sustenta. O filme ignora prover respostas para as perguntas feitas por seu próprio enredo. Não há nada de autêntico nisso, apenas uma flagrante falta de substância.

LADY GAGA TU HITOU TANTO!

Um espetáculo musical. Nostálgico, contemporâneo, apoteótico. Vindo de uma artista completa, que veio ao mundo para viver em voz alta e inspirar os demais a assim também viver.

Roteiros megalomaníacos são características do estilo único e definitivo de Robert Altman. Em “The Player” a metalinguagem latente conversa muito bem com o objetivo da obra e cativa o espectador com sua premissa interessante e divertida. O texto não superestima sua própria inteligência e a a ser uma leitura engraçada dos questionamentos morais e éticos que permeiam a sociedade — especialmente a sociedade fílmica e seus excessos, vícios e comportamentos. Altman tem total controle de seus personagens e os mantém afiados sob um guarda-chuva.

Engraçado e direto, “Kindergarten Cop” reúne as qualidades e a leveza de uma divertida comédia dos anos 90. Mesmo com os tropeços narrativos da trama e a facilidade dos desfechos, o diretor apresenta uma agradável execução que irá despertar simpatia do espectador, mesmo que os personagens não sejam tão carismáticos assim — até um tanto caricatos do ponto de vista narrativo.

A premissa de “Homens de Barro” desperta interesse, mesmo sendo algo bastante conhecido e representado — a angústia queer, a história do amor proibido que envolve intrigas, medo e raiva. Porém a sua execução deixa muito a desejar, seja pela direção pouco inspirada que isola seus atores e forma um complexo negativo de afastamento do objeto principal, ou pelo texto que vai perdendo sua sensibilidade ao longo da história. Há um voice-over totalmente inútil para o propósito do filme, serve apenas a um roteiro preguiçoso e resumido. O filme tem pouco mais de 70 minutos, e havia bastante coisa para ser explorada e exibida. Faltou mais consistência e construção.

Por mais incrível que pareça, “It’s a Wonderful Knife” — título horrendo, diga-se de agem — tem uma premissa interessante, apesar da repetitiva dobradinha entre horror e viagem no tempo, que estamos vendo crescer bastante nos últimos anos, é uma trama consideravelmente promissora, porém com uma execução pífia e um roteiro que se entrega ao comodismo e aos clichês. Em um grande balaio de soluções fáceis e mirabolantes, o filme inexplicavelmente evita inovar e apenas apresenta recortes de outras obras — não como forma de homenagem, mas sim como falta de criatividade.

“Eles Não Usam Black-Tie” é uma das jóias do cinema nacional. Com seu texto potente, perfomances soberbas e uma direção sublime, que consegue capturar a essência da história facilmente. Os diálogos do filme conversam para além da tela, provocam o sussurro que inicia uma revolta — e nisso o filme já poderia se orgulhar de ter conseguido atingir um de seus objetivos, mas vai ainda mais longe e se consolida como um excelente exemplo da gigantesca diversidade fílmica que temos em nosso país. Viva o cinema nacional! Viva sempre aos trabalhadores do mundo!

Nem parece um filme do mesmo universo. A tensão e a atmosfera que garantiram o sucesso dos antecessores (ou originais, caso prefira) são quase nulas em “A Quiet Place: Day One”. O filme se rende aos sustos fáceis e a busca pelo mais perfeito jumpscare — embora útil, o horror situacional parece um pouco jogado após o primeiro ato e não consegue manter uma forte linha de tensão devido a um roteiro desalinhado com a direção. As atuações de Lupita Nyong’o e Joseph Quinn são boas e conseguem expressar o medo, mas a direção não consegue fazer com que nós sintamos a mesma coisa.

Surpreendentemente uma boa sequência e com os mesmos acertos (e algumas falhas) do anterior. “A Quiet Place Part II” não adiciona nada de novo à trama e opta por ser uma versão estendida da história. Não que isso seja um problema, mas o desenvolvimento fica muito aquém do que se espera de uma continuação. A direção desse é melhor do que o de seu antecessor, parece mais objetiva e concentrada. Se a primeira parte faltava contextualização, essa segunda faltou mais boa vontade em desenvolver seus personagens — tinha bastante gordura para queimar, mas quis jogar fácil. Alguns personagens entram e saem da trama de forma tão efêmera que perdem rapidamente o impacto das cenas. E merecia ter mais Emily Blunt.

A atmosfera assombrosa e pessimista de “A Quiet Place” segue sendo seu grande trunfo. Mesmo assistindo quantas vezes for, é possível ser imerso pela sensação constante de estar em perigo — ponto para a direção de Krasinski e para as atuações dele, de Emily Blunt e dos demais. Conseguem expressar o horror real e assim transmitir para os espectadores. O filme falha em gerar contexto diante de algumas cenas, mas é compreensível que o diretor optou por escolher a tensão direta em detrimento a uma coerência narrativa.

Seria bem mais interessante se “The Core” tivesse uma direção mais forte e mais ambiciosa. O roteiro tinha potencial para ser um grandioso thriller de ficção-científica, mas a forma como é executado deixa o filme mal desenvolvido — ao invés de termos uma dimensão daquilo que é tratado, somos postos a assistir duas horas de uma missão que o próprio roteiro parece não entender. É um genérico trabalho que não se permite ir além dos diálogos prontos e da robotização da história.

“Wolf” não impressiona nada na premissa e nem em seu desenvolvimento, pois sua abordagem é bem acelerada no início, mas depois decai ao abraçar um melodrama esquisito e truncado. As atuações são boas e estão dentro do que o roteiro estabelece — nada medíocre, nada extraordinário. Mike Nichols se aproveita de algumas cenas para trazer um pouco de visão artística para o gênero e isso funciona, mesmo que por um curto tempo. O desfecho é embaçado narrativamente. Jack Nicholson, Michelle Pfeiffer e James Spader fazem garantir o entretenimento.

This review may contain spoilers.

Onírico e complexo, “Stay” se aproveita bem do tema e do amplo espaço que ganha em sua narrativa. A edição é uma forte aliada para situar o tom do filme e a estética parecida com um clipe musical do início dos anos 2000 conquista o espectador. Mesmo que o roteiro esbarre em algumas situações que não consiga solucionar como deseja — e deixa a critério do espectador — a história consegue cumprir seu objetivo de que o filme seja sentido, não apenas entendido.

A maioria dos filmes-catástrofes seguem um padrão reutilizado: criam um evento cataclísmico, colocam alguns personagens para tentar evitar ou compreender o acontecimento e o final é carregado de sentimentalismo e uma falsa sensação de esperança oposta ao fatalismo. “Deep Impact” erra ao não estabelecer personagens interessantes e bem estruturados — o filme até tenta causar comoção com uma subtrama parental, mas o tempo é curto e o resultado não é nada comovente, pelo contrário, é entediante. Diálogos ruins, decisões péssimas de um roteiro medíocre; como o adolescente que abandona os pais para ir atrás da menina que gosta, ou a explicação injustificada que o presidente dos Estados Unidos faz da trama. Francamente.

Sensível na abordagem e sútil em seu humor, “Habemus Papam” é uma interessante e inteligente jornada sobre o líder máximo da Igreja Católica — e uma intrigante leitura sobre a instituição do papado e a relação (supostamente indissociável) entre o ser humano e o ser sagrado. Há boas reflexões, bons diálogos e críticas bem pontuadas sobre a figura do Papa frente à Igreja. É uma direção dinamizada de Nanni Moretti, que sai da zona de conforto e encontra a chave para um humor funcional. Senti falta, no entanto, de um pouco mais de profundidade no personagem de Moretti e um desfecho tão menos apressado.

Há alguns pontos positivos em “A Herança” e é sempre válido ver um horror queer (e nacional ainda por cima), mas alguns erros são flagrantes e o filme não se isenta de comete-los. A começar pelo péssimo desenvolvimento do terror; não temos grandes momentos que consigam causar o terror sólido que o filme almejou ter quando gastou toda a primeira metade criando a atmosfera. A falta de substância da trama também é um problema, visto que, é complicado encontrar um rumo para o filme — grande parte do clímax é estragado por essa sensação constante de vagarosidade causado pelo abismo narrativo.

Uma comédia típica e bastante despretensiosa. Neil Jordan joga seguro e consegue atingir o objetivo almejado — mesmo que a história seja naturalmente limitada e com um humor pouco funcional, “We’re No Angels” encontra destaque nas atuações comprometidas e no ritmo agradável. Há alguns problemas no que se refere seu cacife textual para o desenvolvimento de personagens, a exemplo das subtramas que o roteiro cria para completar a duração, mas que não se sustentam como deveriam.

É simpático, bem intencionado e com boas perfomances, mas bastante genérico. “Love Story” é perfeito para uma noite de sábado e para quem procura um atempo agradável. Entretanto, o filme peca bastante em apenas dar destaque ao personagem de Ryan O’Neal e quando escanteia a personagem de Ali MacGraw — apesar dela ter o principal conflito da trama, mal é desenvolvida pelo roteiro. O texto foca no desenvolvimento do casal dando mais ênfase para os conflitos do homem e não se aprofunda nas informações sobre a mulher. Acaba sendo apenas uma obra que possui uma leveza, com um final corrido que só não funciona melhor por conta dos erros cometidos pelo desenvolvimento de personagem.

“Sleepy Hollow” é um trabalho tempestivo, sangrento e divertido. Com uma estética impressiva e uma fotografia exuberante que realça o misticismo, o horror e o gótico, o filme é um refrigerador de aparência com um senso abrangente de maldade em um enredo delicioso. A história pode ser limitada, mas a direção age com sobriedade e um elenco estelar garante o triunfo da obra.

A dinâmica entre Pitt e Clooney é o grande destaque de “Wolfs”. Eles tem uma boa troca e o texto os ajuda nessa questão, mas o filme peca no desenvolvimento da história, visto que, não tem um enredo original. Os personagens secundários são completamente descartáveis e mal escritos — e o filme ainda, não obstante dos clichês, apresenta um final preguiçoso onde os protagonistas se tornam verborrágicos para explicar para a audiência o que não pode ser mostrado devido a preguiça do roteirista. Uma forma ineficaz e broxante de vender um plot-twist.

A história não é muito original e não há nenhum grande momento no filme, mas é um drama sólido e interessante sobre o auto-dano sem qualquer romantização — ou componentes românticos. Existe a frieza característica dos filmes nórdicos, evidenciada na fotografia, nas relações dos personagens e na posição da câmera, coisas que ajudam bastante a criar o tom certo para o filme. “B.O.Y - Bruises of Yesterday” poderia ter um desenvolvimento mais profundo de seus personagens para chegar ao que realmente os afligem.

• Red Desert
• Eyes Without a Face
• Hour of the Wolf
• Breathless
• The Swimmer
• Theorem
• Masculin Féminin
• Night of the Living Dead
• Seconds
• A Man for All Seasons

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começa em 1º de junho:

1. Um filme dirigido por um diretor LGBT
2. Um filme dirigido por uma diretora LGBT 
3. Um filme estrelado por um ator gay 
4. Um filme estrelado por uma atriz lésbica 
5. Filme estrelado por um ator/atriz trans 
6. Filme estrelado por um ator/atriz bissexual 
7. Comédia romântica LGBT
8. Filme com um personagem principal trans 
9. Um Documentário LGBT 
10. Filme estrelado por personagem LGBT de cor.
11. Um filme vencedor do Oscar de atuação por um personagem queer. 
12. Um filme LGBT independente.
13. Um filme LGBT coming-of-age.
14. Filme com um roteirista LGBT
15. Filme LGBT em língua não-inglesa ou portuguesa. 
16. Um filme LGBT indicado ao Oscar de Melhor Filme. 
17. Um filme de terror/suspense LGBT
18. Filme com um personagem bissexual. 
19. Filme baseado em um livro/peça escrito/a por um autor LGBT.
20. Um filme LGBT inspirado em fatos reais.
21. Um filme LGBT nacional. 
22. Um filme LGBT lançado no ano ado. 
23. Um filme LGBT de época. 
24. Um filme de animação com personagem LGBT. 
25. Filme com um personagem idoso LGBT. 
26. Um filme com um diretor LGBT com menos de 30 anos.
27. Cinebiografia de uma pessoa LGBT. 
28. Um filme LGBT de crime ou ação.
29. Um filme sobre a cultura drag. 
30. Um filme LGBT do ano em que você nasceu.

1. Maurice
2. Petite Maman
3. Heartbeats
4. But I'm a Cheerleader
5. Something Must Break
6. Tattoo
7. Jeffrey
8. Laurence Anyways
9. Paris Is Burning
10. Rafiki

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